terça-feira, 21 de julho de 2020

STF: Toffoli mantém liminar que suspende operações policiais no Rio

A Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro informou nesta segunda-feira (20) que vai pedir à Justiça que reconsidere a decisão de que mantenha abertos os hospitais de campanha do Maracanã, na zona norte, e o de São Gonçalo, na região metropolitana do Rio. Este é o segundo município do Rio com maior densidade geográfica e com vários problemas sociais.https://agenciabrasil.ebc.com.br/ebc.png?id=1311931&o=node

A primeira decisão da última sexta-feira (17)  foi da juíza Aline Maria Gomes Massoni da Costa, da 14ª Vara da Fazenda Pública do Rio, que intimou o governo do Rio de Janeiro a cumprir a decisão da 25ª Câmara Cível de manter em funcionamento os hospitais de campanha do Maracanã e de São Gonçalo. Na decisão, a magistrada estabeleceu ainda que o hospital do Maracanã continue recebendo pacientes, com multa de R$ 2 mil por hora de descumprimento, a ser imposta pessoalmente contra o governador Wilson Witzel e o secretário estadual de Saúde, Alex Bousquet.

O Instituto de Atenção Básica e Avançada à Saúde (Iabas) não permitiu que os servidores contratados pela Organização Social (OS) fossem  pegar os seus pertences nos armários. Acabaram demitidos através de e-mail ou whatsapp.  Os funcionários com os salários de junho e julho atrasados realizaram duas manifestações: a primeira no último sábado (18) e hoje (21), em frente ao Hospital de Campanha do Maracanã, usando faixas e cartazes contra o governo do Estado e a SES.

Em nota enviada hoje, a SES esclarece que foi notificada da decisão judicial e que hospitais seguem ativos e em condições de receber pacientes, se necessário, como apoio e contingência aos leitos regulares da rede hospitalar. “A SES frisa, como afirmou, na última sexta-feira, o secretário Alex Bousquet, que as unidades não foram desativadas e estão sob administração da Fundação Saúde. Os hospitais seguem ativos e em condições de receber pacientes, caso necessário, como apoio e contingência aos leitos regulares da rede hospitalar. Assim, a SES pedirá ao juiz que reconsidere sua decisão”.

A nota de Secretaria de Estado de Saúde informa ainda que os pacientes foram transferidos, de forma preventiva, para unidades bem aparelhadas e dotadas de leitos especialmente preparados para atender pacientes de covid-19. “Isso porque o Iabas notificou sua decisão de interromper o funcionamento dos hospitais de campanha a partir de sábado. As transferências foram feitas de modo seguro e por decisão médica, solicitadas através da Central Estadual de Regulação”.

Em outra decisão da Justiça, a 4ª Vara Civil de São Gonçalo estipulou, no sábado (18), que uma eventual interrupção da operação hospital de campanha de São Gonçalo “acarrete uma multa diária de R$ 20 mil”. Mesmo com a decisão da Justiça, o hospital foi totalmente esvaziado. Ontem (19), uma paciente de covid-19 em estado gravíssimo chegou a ser colocada na ambulância para ser levada para outro hospital. Com falta de ar e taquicardia, a ambulância teve de voltar ao hospital de campanha, mas a paciente não resistiu e faleceu.

As duas decisões atenderam a recursos do Ministério Público e da Defensoria do estado.
Pagamento aos servidores

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, negou um pedido da União para que fosse suspensa a decisão do ministro Edson Fachin que restringiu a realização de operações policiais em comunidades do Rio de Janeiro durante a pandemia do novo coronavírus.

A decisão foi tomada ontem (20). Em 5 de junho, Fachin concedeu uma liminar (decisão provisória) pedida pelo PSB para restringir as operações, que poderiam ser deflagradas somente em casos “absolutamente essenciais” e, mesmo assim, justificadas por escrito e com detalhes sobre os cuidados tomados para não colocar a população em risco adicional devido à covid-19.https://agenciabrasil.ebc.com.br/ebc.png?id=1311941&o=node


Recesso do Judiciário

Ao negar o pedido feito pela Advocacia-Geral da União (AGU) para suspender a liminar, Toffoli disse que não decidiria sobre a questão durante o recesso do Judiciário, tendo em vista que a liminar de Fachin já se encontra em julgamento pelos demais ministros no plenário virtual.

O referendo da liminar de Fachin começou a ser julgado em junho no plenário virtual, mas, em virtude do recesso, o julgamento foi suspenso e só deve ser concluído em agosto. Os ministros Marco Aurélio e Ricardo Lewandowski já acompanharam o relator para manter a suspensão das operações. Os demais ministros ainda não votaram.

No pedido de suspensão da liminar, a AGU havia argumentado que a liminar “repercute de modo grave no sistema de segurança pública de Estado da Federação e, em consequência, na Política Nacional de Segurança Pública e Defesa Social (PNSPDS)”.


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