A produção
de petróleo vai atingir 5,5 milhões de barris por dia em 2027, segundo
estimativa do diretor-geral da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e
Biocombustíveis (ANP), Décio Oddone, apresentada no 49º Congresso Brasileiro de
Geologia, no Centro de Convenções SulAmérica.
Durante a palestra A
retomada da indústria de petróleo e gás no Brasil, ele revelou que estudos
realizados pela empresa Shell indicam que na mesma época o Brasil terá condição
de exportar de 6 milhões a 7 milhões de barris por dia de petróleo, o que
mostra uma produção superior a estimada por ele. “Eu falo que a produção estará
em 5,5 milhões, e dizem que sou otimista, e essas companhias fazem estudos e
sabem o potencial brasileiro. Nós precisamos ter a capacidade de ter gestão suficiente
para fazer isso acontecer”.
Pelos
números de junho deste ano, a produção de petróleo no Brasil atingiu 2,6
milhões de barris por dia (bpd), enquanto o gás alcançou 115 milhões de m³/d no
mesmo mês.
Na visão
do diretor da ANP, um dos desafios do setor para os próximos anos é acelerar os
investimentos, além de maximizar a produção e a recuperação dos reservatórios,
e atrair os investidores corretos para cada ambiente. Oddone lembrou que o
setor tem como característica projetos de longo prazo, que requerem maiores
volumes de recursos. A média histórica entre a assinatura de contrato de
exploração e o início da produção é de 8 anos no mar e de 6 anos na terra. “É
por isso que a retomada não vai ser tão rápida”, explicou, estimando a retomada
para o fim de 2019 ou início de 2020.
Segundo
Oddone, para a área do pré-sal os players corretos são as grandes empresas. Já
na área offshore convencional além de grandes empresas, devem ser incluídos os
especialistas em exploração e operadores de campos maduros, enquanto na área
onshore os investidores devem estar entre pequenas e médias empresas.
Licitação
O
diretor-geral da ANP lembrou que no dia 28 de setembro a agência reguladora vai
realizar a 5ª Rodada de Licitações de Partilha de Produção no polígono do pré-sal,
quando serão ofertados os blocos de Saturno, Titã e Pau-Brasil, na Bacia de
Santos, e Sudoeste de Tartaruga Verde, na Bacia de Campos. A Petrobras
demonstrou interesse apenas em atuar como operadora em Tartaruga Verde, o que
deixará para os outros interessados a disputa de participação em 70% da área.
As
empresas têm até a próxima segunda-feira (27) para entregar os documentos de
manifestação de interesse e de qualificação e pagar a taxa de participação. O
prazo para a entrega das garantias de oferta será até 13 de setembro. Os
contratos dos vencedores serão assinados até 26 de novembro deste ano. Na
modalidade de partilha, são consideradas vencedoras as propostas que oferecerem
o maior percentual de óleo para a União.
ANP agiliza estudos para acelerar produção de
petróleo (Arquivo/Agência Brasil)
Das
quatro áreas, duas vão ser ofertadas em sistema de concessão, que em função de
uma decisão do TCU foram incluídas nessa rodada adicional, não prevista
inicialmente. As outras duas já tinham sido ofertadas ano passado e voltam
agora. “A gente vai ter um leilão muito positivo, como tem tido no pré-sal,
desde que a gente começou a leiloar os ativos do pré-sal. Essa rodada em 28 de
setembro vai ser mais uma demonstração de que a indústria olha no longo prazo e
que o Brasil, para esse ripo de investimento, continua atraente no longo
prazo”, disse.
Oddone
informou que a ANP está realizando estudos, que devem estar concluídos até
setembro, para acelerar a produção nos campos maduros. “É um trabalho interno
que a ANP está fazendo e tem como objetivo identificar medidas que possamos
tomar dentro do campo regulatório, com ações que possamos recomendar ao Cade ou
ao Conselho Nacional de Política Energética para acelerar a produção nos campos
maduros do Brasil. A gente deve ter isso pronto até setembro para apresentar os
resultados em outubro”.
Centro de pesquisa
Oddone
anunciou que a agência, a Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM) e a
Petrobras estão desenvolvendo um projeto para a criação de um Centro de
Pesquisas de Rochas e Fluídos, que vai armazenar o material obtido na área do
pré-sal, possivelmente, no Parque Tecnológico da Universidade Federal do Rio de
Janeiro (UFRJ), na Ilha do Fundão, no Rio de Janeiro, para se juntar a outros
centros de pesquisas do local.
“Transformando
aquela região, efetivamente, em um polo de pesquisas na párea de óleo e gás,
que já é relevante e também com armazenagem de rochas no Centro da CPRM na
Bahia e Manaus. Com isso a gente vai dar ao serviço geológico brasileiro um
grau de sofisticação aos três maiores do mundo, que são o do Canadá, dos
Estados Unidos e da Austrália. Não existe nada no país nesse nível. É
absolutamente revolucionário”, disse.
Para o
presidente do Núcleo RJ da Sociedade Brasileira de Geologia e da Comissão
Organizadora do Congresso, professor Hernani Aquini Fernandes Chaves, a criação
do centro de pesquisa vai ser importante para evitar a perda de informações
sobre as rochas. “Nós estudamos o subsolo através da sísmica e de outros
métodos, mas só as rochas que se coletam nos poços é que nos contam a verdade
geológica. É daí que a gente faz toda a extrapolação para interpretar a
situação de deposição, se a rocha é geradora de petróleo, onde o petróleo
migrou. Essas rochas são fundamentais para o conhecimento”, disse o geólogo.