quarta-feira, 18 de julho de 2018

Insegurança jurídica assusta investidores e aumenta risco no país


O investidor está com medo do Brasil. Além das incertezas políticas, o conturbado ambiente jurídico tem ajudado a espantar quem quer trazer dinheiro ao país e participar de obras e projetos. E o pior: esse cenário mudará pouco depois das eleições presidenciais. As idas e vindas do cumprimento de pena do ex-presidente Lula e o impedimento sobre privatizações que foi decidido por um único ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) são apenas dois exemplos de como o Judiciário vem ganhando maior protagonismo no ambiente institucional do país, o que assusta investidores, com incertezas sobre as regras do jogo no Brasil.


De janeiro a maio deste ano, o investimento direto no país (recursos que vêm do exterior para negócios no Brasil) estão quase 30% mais baixos do que no mesmo período do ano anterior, segundo dados do Banco Central. Advogados que atuam com investidores no setor de infraestrutura e analistas de finanças relatam que contribui para essa desaceleração, além da confusão sobre as regras do jogo, o enfraquecimento das instituições.
Lucas Noura Guimarães, advogado da área de Infraestrutura do Madrona Advogados, afirma que há uma sensação dos investidores da área de que o Poder Executivo e a agência reguladora estão enfraquecidos, impelindo-os a buscar proteção e resolução de questões na Justiça, embaralhando ainda mais o ambiente de negócios. 
“Há uma espécie de liminarização dos direitos. A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) e o Ministério de Minas e Energia estão sem pulso, com legislações um pouco confusas e tentando consertar atos do passado, mas nem sempre fazendo isso a contento. Os investidores acabam optando pela via judiciária. Eles não gostam disso, é medida de último recurso mesmo, mas acabam recorrendo, por meio de decisões liminares. Isso acaba gerando certa instabilidade, pois os juízes não são técnicos para entender as especificidades dos setores regulados. Isso eleva o risco Brasil e a desconfiança com o país”, explica Guimarães. 

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