A educação
infantil será avaliada pela primeira vez no ano que vem pelo Instituto Nacional
de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Atualmente, as
avaliações nacionais são aplicadas apenas a partir do ensino fundamental. Ao
contrário das outras etapas, as crianças das creches e pré-escolas não terão
que fazer nenhuma prova. A avaliação será por meio de questionários aplicados a
professores, dirigentes e equipe escolar.
Serão avaliadas, por exemplo, questões de infraestrutura e
formação dos professores. As escolas serão bem ou mal avaliadas se ofertarem as
condições necessárias para o desenvolvimento das crianças. Entram no cálculo,
entre outras questões, a oferta de brinquedos. O anúncio foi feito hoje (28),
pelo ministro da Educação, Rossieli Soares.
“Aumentamos o acesso e não conseguimos olhar para os fatores de
qualidade de qual educação está sendo entregue nas creches e na educação
infantil”, diz. O Brasil tem hoje segundo o Inep, cerca de 30% das crianças de
até 3 anos matriculadas em creches e 91,5% das crianças de 4 e 5 anos
matriculadas em pré-escolas.
O ministro diz que a intenção é que os pais e responsáveis das crianças
também possam fazer parte da avaliação. A expectativa é que isso ocorra a
partir de 2021.
Além da avaliação da educação infantil, o Inep vai reformular o sistema
de avaliação de toda a educação básica. Os diversos nomes das provas: Prova
Brasil, Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA), entre outras, deixarão de
existir e todas as avaliações são identificadas como etapas do Sistema de
Avaliação da Educação Básica (Saeb). Ao todo, o sistema terá seis etapas de
avaliação: creche, pré-escola, 2º ano do ensino fundamental, 5º ano do ensino
fundamental, 9º ano do ensino fundamental e 3º ano do ensino médio.
Todas as avaliações, incluindo a da educação infantil serão feitas de
dois em dois anos, sempre nos anos ímpares. Os resultados serão divulgados nos
anos pares. As mudanças passam a valer em 2019.
Alfabetização antecipada
A ANA, aplicada no 3º ano do ensino fundamental deixará de existir.
Agora os estudantes serão avaliados no 2º ano, geralmente com 7 anos, sobre o
que aprenderam em língua portuguesa e matemática. A primeira prova será no ano
que vem. A mudança ocorre para adequar a avaliação à Base Nacional Comum
Curricular do ensino infantil e fundamental (BNCC), homologada pelo MEC no
final do ano passado. A Base estabelece os conteúdos mínimos que deverão ser
ensinados em todas as escolas do país.
Pela Base, as crianças, em todo o país, deverão ter acesso desde cedo a
conteúdos de português e matemática. Até o 2º ano do ensino fundamental, os
estudantes deverão ser capazes de ler e escrever. Além disso, aprenderão
conteúdos de estatística e probabilidade.
“A BNCC puxou a alfabetização para o 2º ano e, agora com a avaliação
desse ano teremos indicadores”, diz o presidente da União Nacional dos
Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Alessio Costa Lima. Os municípios
são os principais responsáveis pela oferta de educação infantil e fundamental.
Lima também elogiou a inclusão da educação infantil no sistema de avaliações e
disse que essa é uma demanda antiga dos dirigentes e que vem sendo discutida há
anos.
Com o anúncio da mudança, ANA não será aplicada este ano.
Ciências passarão a ser avaliadas
As avaliações do 5º e do 9º ano, antiga Prova Brasil, continuarão sendo
aplicadas. Elas avaliarão as habilidades dos estudantes em língua portuguesa e
matemática. Haverá, no entanto, uma novidade: a prova do 9º ano passará a
avaliar a partir de 2019 ciências da natureza e ciências humanas.
A mudança aproxima a avaliação brasileira de avaliações internacionais
como o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), aplicado pela
Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) aos estudantes
de 15 anos de diversos países. Em 2015, na última avaliação, o Brasil ficou em
63ª posição em ciências, em um ranking com 70 países ou
regiões.
Apesar de serem avaliadas em ciências, a competência não entrará no
cálculo do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) pelo menos até a
avaliação de 2021, quando termina a série histórica do índice. O Ideb é
considerado um importante indicador de qualidade do ensino. O índice vai até
dez e é calculado de dois em dois anos para português e matemática do 5º e do
9º ano do ensino fundamental e do 3º ano do ensino médio.
Segundo o ministro, a intenção é que ciências passe a valer também para
indicar a qualidade das escolas a partir de 2023.
Ensino Médio
Os estudantes do 3º ano do ensino médio serão avaliados no ano que vem
em língua portuguesa e matemática. Os estudantes do ensino médio eram avaliados
de forma amostral. A partir de 2017, a prova passou a ser censitária aplicada
em todas as escolas públicas. A avaliação seguirá com esse formato.
Com a aprovação da BNCC para o ensino médio, atualmente em discussão no
Conselho Nacional de Educação (CNE), a intenção é que esses estudantes passem,
no futuro, a ser avaliados também em ciências humanas e da natureza.
Inclusão de escolas privadas
As avaliações não serão obrigatórias para as escolas particulares, mas
aquelas que quiserem poderão aderir ao sistema. “Nós estamos discutindo avançar
a necessidade da avaliação em todas as escolas privadas. É uma agenda que o MEC
vai discutir com a sociedade nos próximos dias para que a gente coloque sempre
um olhar de qualidade para a educação pública e também para as escolas
privadas", diz o ministro da Educação.
Aplicação eletrônica
A partir do ano que vem os questionários aplicados a professores,
dirigentes e diretores escolares, com exceção dos aplicados aos estudantes,
serão eletrônicos. O Inep testará de forma piloto a aplicação eletrônica da
própria avaliação aos estudantes. A versão digital será testada em algumas
escolas. Os estudantes farão a prova regular e, além disso, a versão
eletrônica, apenas para teste.
Fonte:
Agência Brasil
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